Francisco Arce a Arte de ser Lateral Direito no Futebol Sul-Americano
Introdução: O Ícone da Lateral Direita
Nos anos 90 e 2000, uma era em que o futebol mundial vivenciou uma transformação na forma como os laterais eram vistos, poucos se destacaram tanto quanto Francisco Javier Arce. Não apenas pela sua habilidade defensiva, mas também pela sua capacidade de, com os pés e com a cabeça, transformar o jogo ofensivo de seu time. Arce foi muito mais do que um simples defensor – ele se tornou uma referência técnica, uma verdadeira arte no futebol sul-americano, transcendendo os limites de sua posição. Nascido em Paraguari, no Paraguai, Arce se destacou nos maiores clubes da América do Sul, como Cerro Porteño, Grêmio e Palmeiras, além de brilhar com a seleção paraguaia, tanto nas Copas de 1998 e 2002 quanto nas competições continentais.
O legado de Arce vai além dos números e das conquistas. Sua trajetória no futebol é marcada pela superação, pela técnica refinada e pela disciplina, além de uma grande dedicação ao futebol e à família. Mas o que torna Francisco Arce ainda mais inesquecível são as emoções e as lições que ele nos deixou, tanto dentro quanto fora dos gramados. A história desse ícone é repleta de vitórias, perdas e uma resiliência admirável que o tornou um exemplo para gerações de jogadores.
O Início: De Paraguari ao Cerro Porteño
Francisco Javier Arce nasceu no dia 2 de abril de 1971, em uma pequena cidade chamada Paraguari, localizada a cerca de 65 quilômetros da capital Assunção, no Paraguai. A cidade é conhecida por sua tranquilidade, suas paisagens naturais e sua rica história cultural. Embora tenha nascido em um ambiente calmo, foi no futebol que Arce encontrou sua verdadeira paixão.
Desde pequeno, Arce demonstrou grande habilidade com a bola, o que o levou a se destacar nos campos amadores de sua cidade. Sua jornada futebolística começou oficialmente no clube 15 de Maio, onde Arce fez suas primeiras apresentações no futebol competitivo. No entanto, sua história tomou um rumo decisivo quando ele foi aprovado nos testes para ingressar nas categorias de base do Cerro Porteño, o clube de maior tradição de seu país e, coincidentemente, seu time do coração.
O Cerro Porteño foi onde Arce iniciou sua trajetória como profissional. Embora, inicialmente, tenha começado como meia, sua transformação em lateral direito foi fundamental para sua ascensão. O técnico brasileiro Paulo César Carpegiani, que dirigia o Cerro na época, foi responsável por essa mudança de posição, uma decisão que se tornaria um marco na carreira de Arce. A visão de jogo, os cruzamentos precisos e a capacidade de marcar gols em bolas paradas foram características que definiram o paraguaio como um dos maiores laterais direitos da história do futebol sul-americano.
Em 1990, com apenas 19 anos, Arce conquistou seu primeiro título com o Cerro Porteño, o Campeonato Paraguaio, e sua habilidade em campo chamou a atenção de clubes internacionais. A técnica apurada e a disciplina tática de Arce já se destacavam e ele rapidamente passou a integrar a seleção paraguaia. Sua estreia pela seleção aconteceu em 1995, em um amistoso contra o Equador, onde o Paraguai venceu por 1 a 0.
A Conquista da América: Grêmio e a Copa Libertadores de 1995
Em 1995, Arce chegou ao Grêmio, um dos maiores clubes do Brasil, após se destacar nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994 e na Copa América daquele ano, onde o Paraguai chegou às quartas de final. A vinda de Arce para o Grêmio gerou algumas dúvidas entre os torcedores, principalmente por ele não ser tão conhecido no Brasil na época. Contudo, a sua passagem pelo Grêmio logo demonstrou que ele não só atenderia às expectativas, mas superaria qualquer ceticismo.
Com o técnico Luiz Felipe Scolari, conhecido por suas preferências por laterais agressivos e que apoiavam constantemente o ataque, Arce se encaixou perfeitamente no esquema do Grêmio. No início de sua passagem, o time venceu o Campeonato Gaúcho de 1995, derrotando o Internacional na decisão. Mas foi na Copa Libertadores daquele ano que Arce realmente se destacou.
O Grêmio conquistou a América com uma campanha memorável, e Arce foi um dos principais nomes da equipe. Ele foi fundamental em várias partidas, especialmente nas cobranças de escanteio e falta. Seus cruzamentos para Jardel, que se tornaria o artilheiro do torneio, foram precisos e decisivos. Em uma das partidas mais importantes da campanha, nas quartas de final, o Grêmio goleou o Palmeiras por 5 a 0, com Arce marcando um gol de fora da área que se tornou um dos momentos mais emblemáticos da sua carreira.
Na final, contra o Atlético Nacional, da Colômbia, Arce foi novamente protagonista. Ele cobrou o escanteio que originou o terceiro gol da vitória por 3 a 1 no jogo de ida. Mesmo com a derrota por 5 a 1 na volta, o Grêmio se sagrou campeão graças ao gol fora de casa. A Libertadores de 1995 consolidou Francisco Arce como um dos melhores laterais do continente.
A Consagração no Palmeiras e a Copa de 1998
Após seu grande desempenho no Grêmio, Arce transferiu-se para o Palmeiras em 1997, onde continuou a mostrar sua qualidade. A chegada ao Verdão marcou o início de uma das fases mais vitoriosas da carreira do lateral paraguaio. No Palmeiras, Arce foi fundamental na conquista de títulos como a Copa do Brasil e a Copa Mercosul. No entanto, o auge de sua carreira no clube aconteceu na Copa Libertadores de 1999, quando o Palmeiras conquistou o torneio, e Arce foi crucial para o sucesso da equipe.
Além de seus cruzamentos e passes, Arce também se destacou em gols de bola parada. Na final contra o Atlético Mineiro, ele fez uma cobrança de falta precisa que originou o gol de Evair, ajudando o Palmeiras a conquistar mais um título continental. Durante sua estadia no Palmeiras, Arce se consolidou como um dos grandes laterais da história do clube, sempre com sua visão de jogo apurada e sua precisão nas bolas paradas.
Em 1998, Arce também brilhou com a seleção do Paraguai na Copa do Mundo na França. O Paraguai, sob a orientação do técnico Carpegiani, se classificou para as oitavas de final, e Arce foi um dos destaques da equipe, especialmente em sua famosa cobrança de falta que originou o gol de Gamarra contra a Nigéria, garantindo a vitória por 3 a 1. O desempenho de Arce e da defesa paraguaia, que foi uma das melhores da competição, fez com que a seleção deixasse a Copa com a cabeça erguida, apesar da derrota nas oitavas de final para a França.
O Brilho na Copa de 2002 e o Retorno ao Cerro Porteño
Em 2002, Arce teve uma das suas últimas grandes atuações em Copas do Mundo. Já veterano, ele continuou a ser uma peça fundamental para a seleção do Paraguai e foi destaque na Copa do Mundo da Coreia e Japão, onde cobrou uma falta perfeita que resultou em gol para Roque Santa Cruz na estreia contra a África do Sul.
Aquela Copa foi marcante para Arce, pois ele, mais uma vez, foi considerado um dos melhores laterais da competição, sendo incluído nas seleções ideais dos jornalistas internacionais. No entanto, apesar da boa campanha individual, a seleção paraguaia foi eliminada nas oitavas de final pela Alemanha, o que frustrou os planos de Arce e seus companheiros de equipe.
O Retorno à Tradição e a Aposentadoria
Após a Copa de 2002, Arce continuou sua trajetória no Palmeiras, mas, com o clube passando por dificuldades, ele se transferiu para o futebol japonês, onde jogou por uma temporada antes de retornar ao Paraguai e vestir a camisa do Libertad. Durante esse período, uma lesão no joelho começou a atrapalhar sua carreira, forçando-o a anunciar sua aposentadoria dos gramados em 2005, aos 34 anos.
Ainda assim, Arce permaneceu presente no futebol, mas de uma maneira diferente. Ele decidiu se tornar treinador, e sua trajetória no comando de equipes paraguaias logo demonstrou que ele tinha a mesma visão de jogo refinada que o tornou ícone como jogador. Em 2011, Arce começou sua carreira de treinador pelo Rubio Ñú e, mais tarde, assumiu o Cerro Porteño, conquistando títulos nacionais e mostrando que sua filosofia de jogo ofensivo e técnica apurada ainda tinha muito a oferecer ao futebol.
Conclusão: O Legado de Francisco Arce
O legado de Francisco Arce é mais do que suas conquistas e títulos; ele é um exemplo de superação, técnica e paixão pelo futebol. Sua carreira, que inclui momentos memoráveis em clubes como Grêmio, Palmeiras, Cerro Porteño e na seleção paraguaia, continua a ser uma referência para futuros jogadores e treinadores. Hoje, ele segue sua jornada como técnico, com a mesma dedicação e amor ao jogo que o definiram como um dos grandes laterais da história do futebol.
Com uma carreira marcada por vitórias e tragédias pessoais, Francisco Arce segue como um exemplo de força e profissionalismo. Ele é, sem dúvida, um dos maiores nomes do futebol sul-americano, e sua história será lembrada por gerações.
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